(Ei! Os links perdidos não são apenas os três ou quatro que estão na cara, não! Procura mais! rs)
29/12/2011
O Ano 11
(Ei! Os links perdidos não são apenas os três ou quatro que estão na cara, não! Procura mais! rs)
23/12/2011
Eu acredito em Papai Noel
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Este é meu post número 100 no blog. 100 posts, 35 meses, 259 comentários, mais de 9.000 views. Obrigado a todos vocês que passaram por aqui! Obrigado em especial ao grande amigo Ricardo Vieira, que engrandeceu este espaço com dois posts "tops de linha" (ou seriam três? rs); à titia Giovana Damaceno, com seus comentários assíduos em mais de 90% das postagens; e ao gigante Gabriel Araújo, que foi o grande impulso para que eu fizesse esse blog - nem sei se ele mesmo sabe disso, rs.
Que venham mais 100, mais 35, mais 259, mais 9.000! Feliz Natal a todos!
10/12/2011
Pavilhão de Espelhos - Roberta Sá
Mais uma boa música.
Roberta Sá está de volta. Ainda bem...
Não, eu não me arrependi de nada
Você mudou e eu também
Tô aqui só pra saber que existe saudade
Ainda bem
Como num pavilhão de espelhos,
Eu te vejo multiplicada em mil
Eu vim aqui pra ver você
Solta, vestida de lua na nuvem
Dança como se dançasse pra ninguém,
Ou só pra mim
Ainda bem
Sim, eu sei que vieram chuvas
Noites cheias de céu vazio e vão
Cruzei o mar, estrada além
Tô aqui pra ver se ainda bate, pulsa
Ainda bem
Como num pavilhão de espelhos,
Eu te vejo multiplicada em mil
Eu vim aqui pra ver você
Solta, vestida de lua na nuvem
Dança como se dançasse pra ninguém,
Ou só pra mim
Ainda bem
Sim, eu sei que vieram chuvas
Noites cheias de céu vazio e vão
Cruzei o mar, estrada além
Tô aqui pra ver se ainda bate, pulsa
Ainda bem
01/12/2011
Então é... carnaval?!
20/11/2011
A festa da raça!
Valeu Zumbi!
O grito forte dos Palmares
Que correu terras, céus e mares
Influenciando a abolição (Zumbi, valeu!)
Zumbi valeu!
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e maracatu
Vem menininha pra dançar o caxambu
Ôô, ôô, Nega Mina
Anastácia não se deixou escravizar
Ôô, ôô Clementina
O pagode é o partido popular
O sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Neste evento que congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção
Esta Kizomba é nossa Constituição
Que magia
Reza, ajeum e orixás
Tem a força da cultura
Tem a arte e a bravura
E um bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos seus rituais
Vem a Lua de Luanda
Para iluminar a rua
Nossa sede é nossa sede
De que o "apartheid" se destrua
Ao longo destes quase três anos de blog, postei alguns textos e/ou notas relacionadas ao tema. Se quiser conferir, é só escolher:
09/11/2011
O Axé de Gadú
Estão Ouvindo esse som?
Pulsando seco no ar
Merece nossa atenção
Preparem bem os sensores
Para poder captar
Parem usinas motores
Para ouvirmos bater
Dum! Dum! Dum!
Seu clamar
Som de corte pungente mundo doente além da conta
Sangra lucro imediato mas a cura de fato não aponta
Em uma remota viela a voz de uma santa faz menção
Um Axé Acappella feroz insinua o batidão
Pararam pra reparar?
Estão ouvindo esse som?
Reparem não vai parar
Diante a tal condição
Jogos de egos gigantes
Sem dar sossego à fatal pulsação
Que segue até seu furor
Torna-se ensurdecedor
Dum! Dum! Dum!
Seu clamar
Chega de jogar confete de botar enfeite achar desculpas
É guerra é dente por dente e rasga somente carne crua
Rouco um cantor se esgoela sozinho em meio a uma multidão
Um Axé Acappella feroz insinua o batidão...
E se bater vai matar!
E se bater vai tremer!
Não sobrará mais que o leito de um rio
Que escorre a prenda de um passado sombrio
Enquanto o homem não acorda
Idiota! Nem nota!
Se enforca com a corda da própria tensão
E um Axé feito Acappela
Vai se transformando num batidão
Aí é choro doído é sonho moído é fim de trilha
Já mortalmente ferido um lobo banido da matilha
Silente um bom Deus vela a terra sagrada da ingratidão
Um Axé Acappella feroz insinua o batidão!
02/11/2011
Memórias de um futuro em construção
18/10/2011
O Palhaço
14/10/2011
Tempus Fugit!
03/10/2011
Eu fui!
27/09/2011
Lula e a ira do andar de cima
devem se contorcer assistindo esse vídeo. Quem esse "anarfa" pensa que é?!)
22/09/2011
Sobre os Diferentes e os Antagônicos...
21/09/2011
Saudades de quem não conheci (por Ricardo Vieira)
14/09/2011
Em 20 anos tudo pode mudar. Ou não.
Apesar de não conter ofensas graves a ninguém ou à alguma entidade, optamos por publicar mantendo o anonimato. Espero que vocês gostem. Se vir alguma piada mais grosseira, que lhe afete de alguma maneira, antecipadamente peço desculpas e sugiro que pule para a próxima notícia. (lamento por meus dois ou três leitores fora de Volta Redonda. Acho que esse post só terá graça para quem vive - ou viveu - no Sul Fluminense).
P.S.: Observem os detalhes. As notícias principais, o que está em destaque é bem engraçado. Mas a imagem é fenomenal pelos pequenos detalhes, as notícias menores. Para quem acompanha o dia a dia da região, e especialmente quem está ligado no site do Diário, algumas coisas são espetaculares, como o tema do Espaço Aberto do dia, a notícia de Angra e o guarda que descobriu a cura para o Alzheimer. Enfim, se divirtam...
13/09/2011
O Cativeiro (por Eliane Brum)
O Zoológico de Sapucaia do Sul abrigou um dia um macaco chamado Alemão. Em um domingo de sol, Alemão conseguiu abrir o cadeado e escapou. Ele tinha o largo horizonte do mundo à sua espera. Tinha as árvores do bosque ao alcance de seus dedos. Tinha o vento sussurrando promessas em seus ouvidos. Alemão tinha tudo isso. Ele passara a vida tentando abrir aquele cadeado. Quando conseguiu, virou as costas. Em vez de mergulhar na liberdade, desconhecida e sem garantias, Alemão caminhou até o restaurante lotado de visitantes. Pegou uma cerveja e ficou bebericando no balcão. Os humanos fugiram apavorados.
Por que fugiram?
O macaco havia virado um homem.
O perturbador desta história real não é a semelhança entre o homem e o macaco. Tudo isso é tão velho quanto Darwin. O aterrador é que, como homem, o macaco virou as costas para a liberdade. E foi ao bar beber uma.
Um zoológico serve para muitas coisas, algumas delas edificantes. Mas um zoológico serve, principalmente, para que o homem tenha a chance de, diante da jaula do outro, certificar-se de sua liberdade. E da superioridade de sua espécie. Pode então voltar para o apartamento financiado em 15 anos satisfeito com a vida. Abrir as grades da porta contente com seu molho de chaves e se aboletar no sofá em frente à TV. Acorda na segunda-feira feliz para o batente. Feliz por ser homem. E por ser livre.
Há duas maneiras de se visitar um zoológico: com ou sem inocência. A primeira é a mais fácil. E a única com satisfação garantida. A outra pode ser uma jornada sombria para dentro do espelho. Sem glamour e também sem volta.
Acompanhe, se quiser.
O babuíno sagrado tem um nome comum. Beto. À espreita, lá onde os olhos se misturam com a mente, há o mais perigoso tipo de fúria. A da importância. Beto dá voltas e mais voltas na jaula, esmurra as grades. Atira comida e fezes nos visitantes. Espanca a companheira se ela não faz tudo o que ele quer. Não admite que emita um som sem a sua permissão. Não deixa que arrede pé sem a sua complacência. Se o faz, Beto cobre-a de tapas. Se a tiram de perto dele, Beto piora. Começa a arrancar pedaços do próprio corpo. Durante as crises, Beto toma dez miligramas de Valium por dia.
Os tigres-de-bengala são reis de fantasia. Têm voz, possuem músculos, são magníficos. Mas nascidos em cativeiro, já chegaram ao mundo sem essência. São um desejo que nunca se tornará. Adivinham as selvas úmidas da Ásia, mas nem sequer reconhecem as estrelas. Quando o sol escorrega sobre a região metropolitana, são trancafiados em furnas de pedra, claustrofóbicas. De nada servem as presas a caçadores que comem carne de cavalo abatido em frigorífico. De nada serve a sanha a quem dorme enrodilhado, exilado não do que foi, mas do que poderia ter sido. E que jamais será.
Anos atrás, um de seus bisavôs galgou a escada do tratador e espiou para além dos muros. Foi o mais longe que um deles chegou. São poderosos, os tigres-de-bengala. Mas quando chega a hora de serem confinados na caverna escura de sua escravidão, viram as costas para a Lua que aponta como promessa e marcham para a jaula. Alquebrados, submissos, como o mais vil animal da floresta.
A ursa-de-óculos é chamada de Peposa. Como se brinquedo fosse. O filho se chama Rayban, também muito engraçadinho. Quando nasceu Rayban, ela fez o que as mães costumam fazer: ensinou a ele a arte da resignação. Pegou-o pela orelha e carregou-o até as entranhas da furna na hora marcada. Hoje, Rayban vai por sua conta. Mas, todos os dias, Rayban desafia a mãe, se esgueira e testa o cadeado. Sem jamais ter aspirado o perfume gelado da cordilheira de seus ancestrais, Rayban não adivinha o que há do outro lado. Mas intui. E por ser criança ainda não desistiu de buscar.
Pinky vive só. Os outros elefantes, Nely e Mohan, caíram no fosso e sucumbiram. O fosso é a prisão dos elefantes. Mohan viveu seis anos acorrentado porque o cativeiro de sua espécie ainda não estava pronto. Quando o soltaram, durou três meses. Morreu tentando alcançar a liberdade. Ou apenas um dos cães que perambulam por lá e são achados aos pedaços. Dos três, Nely sempre foi a mais indomável. Dezenove anos atrás, matou um visitante. Um mineiro de Criciúma que comemorava a aposentadoria. Recém-liberto da solidão trevosa das minas de carvão, ele montou sobre Nely. Ela o derrubou sobre o chão e esmagou sua cabeça. Tão parecidos em sua tragédia, a elefanta e o homem.
Foram três as vezes em que Nely mergulhou no fosso. Numa delas, perdeu parte da barriga e uma mama na queda. Não desistiu. Morreu na terceira, tentando. Como nunca esquece, a elefanta Pinky assimilou o exemplo. E convenceu-se de que implacável é a punição para quem ousa dar um passo além do permitido.
A revelação dessa visita subversiva ao zoológico é que, no cativeiro, os animais se humanizam. O cárcere lhes arranca a vida, o desejo e a busca. E mais e mais vão se parecendo com os homens que os procuram na certeza de um álibi. Perigosa é a pergunta.
O que aconteceria se você encontrasse a chave do cadeado invisível de sua vida? O que aconteceria se você saltasse sobre o fosso de sua rotina? O que aconteceria se você desse o passo da elefanta?
Bem, talvez seja melhor caminhar até o balcão e beber uma.
06/09/2011
Reflexões sobre a guerra particular
1. MULHERES: salta-me aos olhos a força do feminino nas comunidades periféricas dominadas pela violência. Já havia presenciado no Borel, onde trabalho, ao ouvir os relatos das mulheres da favela tijucana. No filme, isso fica ainda mais claro.
12/08/2011
Salve a Mocidade (a primeira vez ninguém esquece)
Noel Rosa
Não nasci em Vila Isabel, bairro onde hoje moro. Talvez por isso vacilei ao abraçar o samba. Mas eis que em um primeiro de maio, em 2008, Beth Carvalho me trouxe à luz – e desde então o samba faz parte de mim.
O samba é meio sobrenatural. Religião, na raiz da palavra, tem a missão de “ligar”. Os homens uns aos outros, e também à transcendência. Não seria heresia dizer, portanto, que o samba também é minha religião. O pai do prazer, o filho da dor, é o grande poder transformador.
Bem, faço todo esse prólogo para explicitar um pouco do que o samba representa para mim. E sobretudo para lhes contar, logo em seguida, que no último fim de semana fui a um dos grandes templos do samba carioca: a quadra da minha amada Mocidade Independente de Padre Miguel.
(Desde 1995 sou Mocidade. Pode parecer contraditório ser fanático torcedor de uma escola de samba desde os sete anos, exaltar todos os seus hinos, saber de cor os enredos das últimas décadas, se emocionar com suas passagens pela avenida, e só me apaixonar pelo ritmo em si mais de uma década depois. E talvez seja uma contradição mesmo. Eu sou uma. Todos somos.)
Quem me conhece sabe que tipo de emoções a visita à quadra de minha escola pode me proporcionar. Acompanhe se quiser:
13:20 – Chego à estação de trem. Minha primeira
vez sobre trilhos também. A composição vai partir apenas 13h47.
13:48 – Entro no trem e sei que agora será quase uma hora de viagem ao meu destino. Até lá, ansiedade (cabe dizer que a viagem de trem daria uma crônica à parte. Deixo para a próxima).
15:00 – Peço a benção a todos os deuses do samba. Cartola e Mestre André à frente. Hora de entrar na quadra. Alô meu povão de Padre Miguel...
15:34 – Já de posse da feijoada, a primeira grande emoção: Ziriguidum 2001 entoado no palco. Na mesa à minha frente, um senhor dribla sua deficiência visual, dribla sua dificuldade em pronunciar palavras, e canta. E chora. E me arrepia.
16:00 – Ainda no palco, a banda toca sambas-enredo de várias escolas. Muitos torcedores destas escolas estão na quadra. Impossível não fazer uma analogia com o quão impensável seria executar um hino de exaltação ao Vasco em uma festa do Flamengo...
16:20 – Ouço a primeira... deixa pra lá!
16:30 – A bateria da Beija Flor chega à quadra e é reverenciada como vencedora do carnaval carioca. Impossível não fazer analogia...
17:00 – Uma família se senta na minha mesa. Dois casais, quatro Independentes. Me dizem um sincero seja bem vindo. Enfim, duas horas depois, me sinto inteiramente em casa.
17:16 – Não preciso conhecer nenhuma outra escola, nenhum outro povo, nenhum outra quadra. Não existe mais quente, estou certo!
18:10 – Estrelinha da Mocidade, a escola mirim, dá show ao som de O Grande Circo Místico. Outra lembrança inevitável: Renato Lage e tudo que ele representa para essa geração que aprendeu a gostar de carnaval (e a ser Mocidade) através da magia que ele fez na avenida. Saudades!
19:06 – A bateria já arrepia tocando Parabéns para Você, amigo. E o que veio a seguir é impossível de ser descrito. O Mestre André sempre dizia / Ninguém segura a nossa bateria / Padre Miguel é a capital / Da escola de samba que bate melhor no carnaval...
05/08/2011
Meninos do Borel
Para os Meninos do Borel ir à Casa Branca é mais que simplesmente atravessar os poucos metros que separam as duas comunidades, vizinhas. É cruzar um muro simbólico (e, portanto, real) construído sob a lógica de uma guerra que, é importante repetir, os garotos não pediram para entrar, nem ao menos sabem seus reais motivos. Só sabem que é prudente ficar do Lado de Cá do muro.
“Vai que eles ainda estão olhando”, levanta um. “Se eu subir, vão me hostilizar”, acredita outro. “Lá são todos ‘alemão’”, sentencia um terceiro. Medo, dúvidas, temor do que existe do Lado de Lá – e de como o Lado de Cá vai reagir à travessia.
Mas alguns meninos resolveram desafiar a ordem imposta seja lá por quem. Decidiram caminhar alguns metros, cruzar as fronteiras, derrubar o muro. E então, neste processo, descobriram muitos outros muros erguidos para eles. E resolveram derrubar também.
Uma marretada e, bum!, a indiferença começa a ir para o chão. Outra marreta e colocaram o funk no último volume. Mais uma marreta e, pasme!, começaram a “invadir” um Rio de Janeiro que aparentemente não havia sido construído para eles: foram a cinemas, museus, teatros, até mesmo (olha que audácia!) pontos turísticos. Mexeram com as pessoas nas ruas, escandalizaram os mais "puros" e bradaram aos construtores e, sobretudo, aos mantenedores do mito da cidade partida: "Vocês vão ter que me engolir!"
E são tantos os muros erguidos, são tantas as marretas, são tantos os meninos... que não sei onde isso vai dar. Incendiarão a cidade? Unirão os rivais? Tomarão o poder? Não há quem saiba, afinal. Só sei que é bonito de se ver.
Em sua principal obra, Guimarães Rosa profetiza que “o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. Hermano Vianna, o antropólogo de sabedoria ímpar, traduz para a contemporaneidade a frase de Rosa: a periferia vai virar centro. Os meninos do Borel, mais simples, apenas desejam que essa divisão na faça mais sentido. Periferia e centro, favela e cidade, Borel e Casa Branca passem a ser a uma coisa só. Por que não?
29/07/2011
Ele não é comum (por Ricardo Vieira)
Veio, viu e...
O repórter perguntou: “O que você diria para os jogadores que estão começando, para um dia chegarem a ser como você, como um vencedor?”. “Vencedor, eu? Falta muita coisa ainda”. Foi a resposta, sem nenhum tipo de arrogância, do Dedé, que aos 23 anos chega à Seleção Brasileira e que até ontem estava torcendo pelo Brasil com a camisa pirata, já que a oficial “não tinha condições de comprar”.
Na continuação da resposta, um conselho que ouviu de um ex-jogador, Élson, seu treinador nas categorias de base: “Não desperdice o seu dia, aproveite cada treinamento. Faça render”. Dedé sabe ouvir, por isso tem muito a crescer na seleção. Com Júnior Baiano (independente do que você pense dele, bagagem ele tem) também aprendeu muito, desde posicionamento até modo de agir. Baiano se esforçou pelo sucesso de Dedé. Agradecido, tomou a atitude como lição de vida, que leva e repassa para os mais novos.
Lembro-me de sua namorada dizendo que os meninos que vinham dos juniores no Vasco eram grandes amigos de Dedé. Achei curioso. Em um clube recheado de jogadores badalados como Felipe, Zé Roberto (ano passado) entre outros, o cara fica amigo da molecada? Esse é o Dedé, que o Brasil vai conhecer melhor agora. Mas os amigos do Parque das Ilhas já o conhecem há anos. São os mesmos. Desde que Dedé começou a aparecer no futebol, desde que entrou no Volta Redonda, desde que entrou na Escolinha do Nelson, desde que jogou no Sepinho (peço perdão se a grafia estiver errada) eles já estavam ali do lado dele, os mesmos amigos. Sinal de caráter.
A vida dele mudou, tenho certeza. Ele nunca me disse, mas é óbvio que mudou. Se há alguns anos ele não podia comprar a camisa da seleção, hoje se junta ao milionário esquete canarinho. Se há alguns anos ele jogava com a chuteira doada por Felipe Melo (de quem também tem muita gratidão), hoje, com papéis invertidos, agracia os meninos do Voltaço. Se há alguns anos ele era apaixonado pela menina bonita do bairro, hoje... hoje continua apaixonado. Tem em Patrícia um porto seguro. É possível notar em suas palavras que agradecem o apoio incondicional de sua namorada.
Dedé hoje virou orgulho de uma cidade com mais de 250 mil habitantes, de uma torcida com cerca de oito milhões de membros. Mas para Dona Lena (Maria Helena Vital da Silva), o pequeno Anderson (ele não se chama André) já é motivo de orgulho faz tempo. Ela comemorou cada defesa do goleiro (“bom goleiro, por sinal”, segundo o próprio) no futebol de salão. Deve ter acompanhado com angústia as idas e vindas ao Rio, quando ainda era garoto e imaturo, na sua primeira chance no Fluminense. Imagino que tenha dado colo após a primeira dispensa do Tricolor. Posso até vê-la enlouquecendo com o susto na tentativa frustrada de ir jogar no Udinese,
Mas posso imaginar o orgulho quando o filhão foi eleito o terceiro melhor zagueiro do Campeonato Carioca de 2009. A esperança na chegada ao Vasco. O medo de outra dispensa e sensação de dever cumprido quando o jogador se estabeleceu no clube carioca. Mas como boa mãe, felicidade mesmo deve ser quando o ‘meninão’ bate um prato de inhame, ou de quiabo, feito com todo carinho pela Dona Lena.
A trajetória, cheia de percalços, é comum no meio do futebol. Dedé não é comum. Ele não se iludiu, não se deixou levar. Tem gratidão. E aprendeu lições importantes com os erros (talvez esse seja o aspecto mais difícil de ser encontrado em um meio repleto de ‘reincidentes’).
É uma alegria e um orgulho (confesso) conhecer e poder dizer que já joguei (uma peladinha, mas tá valendo) com um jogador de seleção. Torço de coração, para que não perca a essência e que continue enchendo de orgulho a Dona Lena, a Patrícia, o Gleidson, o Joãozinho, o André, o Ricardo, a Lívia, o Felipe, o Jader...
“Vencedor, eu?”. É, você mesmo. Boa sorte
Ricardo Vieira