13/07/2010

Cantando para não enlouquecer

Trechos da biografia de Elza Soares, eleita a cantora do milênio pela BBC. Terminei de ler hoje, e acho que todo mundo merece conhecer de perto essa mulher:

A maturidade chegou de forma precoce e traumática para Elza. Com apenas 12 anos se casou; aos 13, tornou-se mãe; aos 15, viu seu segundo filho, Edmundo, morrer de fome; aos 19, teve que doar Gerson, que também estava muito doente; aos 20, era mãe de cinco filhos, sendo quatro garotos de uma menina. Aos 21, ficou viúva.
(...)
Quando a dor se tornava insuportável, cantava e cantava, a fim de não enlouquecer.



“Cantando, é como se Elza fizesse uma grande catarse. Se levasse suas dores e sua agonia pessoal para o palco, talvez não suportasse. Então, o próprio organismo, com muita sabedoria, encontrou essa saída pelo lado artístico”.
Roberto Moura, crítico e musicólogo


“Uma grande sambista, extraordinária, brasileira demais para o pessoal da mídia. Intoleravelmente brasileira.”
Sérgio Cabral, jornalista e escritor


“Elza é uma daquelas pessoas que nos deixam um efeito tipo furacão”
Albino Pinheiro, produtor cultural


“Uma conjugação de garganta e útero, que resulta em um som abismante e magnético”
Ricardo Cravo Albin


“Em geral, só é reconhecido no Brasil quem se badala, consegue armar um marketing, penetra na mídia. Elza nunca usou esses recursos. Faz sucesso de verdade, e quem quiser que cumpra seu dever de divulgá-la”
Ricardo Cravo Albin


“Ela se insere no pequeno grupo dos que nasceram para se fazer acompanhar pelas multidões”
Rildo Hora, maestro


“Essa menina, se jogasse bola, seria Garrincha, e Garrincha, se cantasse, seria Elza”

Oswaldo Sargentelli, produtor de shows


“Elza faz o diabo com a voz. É uma artista arrasadora, devia ser chamada Bomba Musical. Jamais alguém fará o que ela fará cantando”
Milton Santos de Almeida, o Miltinho, cantor e pandeirista


“Ninguém lhe pode ser indiferente. A carga de emoção que ela transpõe ao emitir notas vocais excede”
José Carlos Rego, jornalista e antropólogo da dança e do samba


“É um símbolo de luta contra todos os preconceitos. Um exemplo de luta solitária. Sofrida, talentosa, perseverante. Encarna a alma de mulher brasileira”
Haroldo de Andrade, radialista


“Qualquer comparação soa forçada, porque na verdade Elza é única”
Tárik de Souza, crítico


“Um dia, seu valor será devidamente reconhecido”
Dona Zica, viúva de Cartola


“Um fenômeno!”
Billy Blanco





(Neste dia, ela ainda estava em recuperação clínica - havia acabado de sair da UTI, depois de uma complicação pós-cirurgia. Os médicos não aconselhavam a apresentação. Foi e fez simplesmente isso. Mais uma vez, brilhou!)


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