Maria Gadú está realmente um degrau acima das outras artistas de sua geração. E falo isso com a maior isenção, porque todos os que me conhecem um pouco sabem que meu coração bate mesmo é por outra cantora dessa nova era: a potiguar-carioca Roberta Sá.
Mas Gadú, que gosto bastante também, é impressionante! Cantora, compositora, musicista. E tudo isso maravilhosamente bem, acima da média. A primeira vez que fui a um show dela, saí boquiaberto e com uma aposta: estou vendo o "nascimento" de uma daquelas que será eterna. Sigo com este palpite...
Esta semana, e eis o motivo deste post, a cantora lançou na internet uma faixa de seu novo álbum (Axé Acapella, o nome da faixa). E daí veio a constatação expressa na primeira frase deste texto: além de tudo, essa garota se mostrou de tal sensibilidade para captar e transformar em arte o sopro que está no ar, o vento ainda fraco que sinto bater no rosto, o cheiro de batidão que também tenho sentido a tempos, um grito abafado que insiste em gritar.
O ritmo, como destaca o crítico Mauro Ferreira, do ótimo blog Notas Musicais, é diferente do pop contemporâneo que tem marcado a carreira de Gadú até aqui. A música, cita ele, flerta com "sons da cena indie paulista".
Para ser justo, a música é de autoria de Dani Black e Luisa Maita - dois dos amigos que formam uma trupe de artistas talentosíssimos encabeçada por Gadú. Foram eles que captaram e é Gadú quem nos transmite, em uma das melhores músicas que ouvi nos últimos anos.
Enfim, é só apertar o play e concordar (ou não) comigo...
Axé Acapella
Autoria: Dani Black e Luisa Maita
Interpretação: Maria Gadú
Estão Ouvindo esse som?
Pulsando seco no ar
Merece nossa atenção
Preparem bem os sensores
Para poder captar
Parem usinas motores
Para ouvirmos bater
Dum! Dum! Dum!
Seu clamar
Som de corte pungente mundo doente além da conta
Sangra lucro imediato mas a cura de fato não aponta
Em uma remota viela a voz de uma santa faz menção
Um Axé Acappella feroz insinua o batidão
Pararam pra reparar?
Estão ouvindo esse som?
Reparem não vai parar
Diante a tal condição
Jogos de egos gigantes
Sem dar sossego à fatal pulsação
Que segue até seu furor
Torna-se ensurdecedor
Dum! Dum! Dum!
Seu clamar
Chega de jogar confete de botar enfeite achar desculpas
É guerra é dente por dente e rasga somente carne crua
Rouco um cantor se esgoela sozinho em meio a uma multidão
Um Axé Acappella feroz insinua o batidão...
E se bater vai matar!
E se bater vai tremer!
Não sobrará mais que o leito de um rio
Que escorre a prenda de um passado sombrio
Enquanto o homem não acorda
Idiota! Nem nota!
Se enforca com a corda da própria tensão
E um Axé feito Acappela
Vai se transformando num batidão
Aí é choro doído é sonho moído é fim de trilha
Já mortalmente ferido um lobo banido da matilha
Silente um bom Deus vela a terra sagrada da ingratidão
Um Axé Acappella feroz insinua o batidão!
3 comentários:
Ouvir música é um prazer que poucos atualmente conhecem.
Ouve-se de tudo por aí, mas música, de verdade, nem todos sabem o que é.
Show!
Gaduu arrasou com essa música!
e vc escreve mt bem!
valeu, quem quiser add no orkut
http://www.orkut.com.br/Main#Home
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