01/08/2012

Pitacos

[Depois de muito tempo, resolvi voltar. Desculpem. Não prometo que isso não vai acontecer de novo. Mas vou me esforçar. Isso eu prometo. Neste pouco mais de um mês de ausência, tive algumas boas ideias e escrevi um ou outro texto (não finalizados) para postar aqui. Só que resolvi abandoná-los por um instante. Deu vontade de escrever "hard news". Dar uma pausa na subjetividade que repousava neste blog em seus últimos posts. Quebrar a cara com opiniões polêmicas que não rendem um só comentário ou previsões exageradas que não se confirmam. E então bateu uma dúvida: falar sobre o que? Tanta coisa que quero falar. E porque não falar de "tanta coisa", ora pois?! Depois de tanto tempo, acho que tenho direito a um post um pouco mais longo - e denso - que o comum, não? Talvez não seja uma boa ideia, um bom cartão de visitas para quem voltar a visitar este blog. Assim como certamente não foi uma boa ideia todo esse preâmbulo em que não digo nada, absolutamente nada. Mas espere! Agora sim é que vou começar...]



Pitaco 1: Mensalão
Minha opinião é um pouco controversa. Em recente conversa, consegui ser xingado por tucanos e petistas. Como o mundo não se divide apenas entre essas duas raças, pode ser que alguém concorde comigo.

ACHO QUE o processo que o Supremo vai julgar, apelidado de mensalão, é um conjunto de crimes de todas as ordens cometidas durante o Governo Lula, por integrantes (diretos ou indiretos) do governo. Desde uso e desvio de dinheiro público até crimes eleitorais e patrimoniais, como as práticas de sonegação, o já admitido Caixa 2 durante a campanha de 2003 e o rombo nos Correios. Não é possível que alguém tenha dúvida disso.

Uma série de crimes foi cometida por diferentes atores. MAS mensalão enquanto mensalão, ou seja, pagamento mensal de propina para um grupo de deputados votar com o governo, este EU DUVIDO muito que exista longe do teatro armado por Roberto Jefferson. Não há nada que sustente essa versão a não ser a falácia do falastrão ex-presidente do PTB, flagrado no escândalo dos Correios e com ficha mais suja do que o Rio Tietê.
Assim, ACREDITO QUE o julgamento que o Supremo inicia amanhã vai decepcionar boa parte daqueles que esperam duras e exemplares punições aos 38 réus. De cara, acho que os ministros vão descaracterizar o chamado "mensalão". Repito, não acredito que ele tenha existido. Por dois motivos: primeiro, que o governo tem outras formas, mais eficientes e mais seguras, de pressionar sua base para votar com ele que não a distribuição de mesadas aos deputados; segundo, que seria um sistema muito complexo, que envolve muitas pessoas, muitos pagamentos, extratos, etc, para não ter surgido uma prova ao menos ao longo desses últimos anos. Não há nenhuma prova material que sustente o mensalão. Nenhuma ligação telefônica. Nenhum extrato bancário. Vídeo. Áudio. Nada. Apenas as declarações de Jefferson. E uma centena de matérias em jornais que também não provam nada. Com tantos deputados, de tantas correntes diferentes, alguém ia ter aberto a boca, ia ter vazado. Há provas, sim, dos crimes que falei lá em cima (Correios, Sonegação, Caixa 2...). Mas da "mesada", zero.
MEU PALPITE, então, é que a maioria dos réus pegará penas brandas, por crimes contra o patrimônio e alguns poucos por corrupção - sobretudo aqueles ligados ao escândalo dos Correios, que é o mais fartamente documentado, inclusive com vídeos. APOSTO QUE:

1. Zé Dirceu será inocentado (aqui vou fazer um parentese, porque parece muito absurdo: Dirceu é acusado de ser a "cabeça" do mensalão. Se, como acredito, o "mensalão" não existiu, não há nada contra ele. Não está ligado a nenhum dos outros crimes. Seu crime é ter coordenado a distribuição da mesada, por isso ele é o "chefe da quadrilha", como disse o grande Joaquim Barbosa).

2. Duda Mendonça pega pena leve, por sonegação, inclusive porque já devolveu o dinheiro que deveria ter recolhido à época.

3. A maior punição será para Marcos Valério.

4. José Genoíno, por ser o presidente do PT na época, deve ser punido por crimes eleitorais e também patrimoniais. Assim como Delúbio Soares, secretário de finanças do PT na época.

5. Roberto Jefferson, para mim, é a grande incógnita. Mas acho que será punido. Comprovando-se ou não a tese do mensalão, será punido.

6. O julgamento será técnico para não haver contestações jurídicas nem de ordem moral (vide julgamento sobre cotas). Toffolli vai se declarar impedido.

[o último ponto é mais uma torcida que um palpite. Espero que o STF, e em especial Toffolli, estejam à altura do que tem em mãos a partir deste semana. E coloquei algumas expressões em caixa alta porque neste pitaco, especialmente, espero que entendam que é só OPINIÃO, ACHISMO, não estou cravando nada. Pelo que vi e li até hoje, acredito nisso. E pode ser que eu esteja COMPLETAMENTE enganado. Há uma chance grande disso acontecer, inclusive. Já estou quase me arrependendo de ter escrito esse palpite, aliás]

***


Pitaco 2: Eleições
Adoro esse período eleitoral e sobre isso já escrevi em outras redes sociais. Aqui, no blog, vou apenas dar palpites sobre o que estou vendo e, claro, fazer um exercício a la Mãe Dinah...

1. Comecemos pelo Rio, meu atual colégio eleitoral. A primeira pesquisa mostrou Paes com 54%, Freixo com 10% e a dupla Maia-Garotinho com 6%. A vantagem de Paes era mais que esperada, mas ao contrário de muitos amigos, achei o desempenho do Freixo bem bom. As pesquisas, de modo geral, dizem mais pelo que elas não dizem à primeira vista - e este caso é exemplar. O atual prefeito, diz a pesquisa em um daqueles dados importantíssimos que a maioria não dá a mínima, é conhecido por 99% da população. O deputado niteroiense, por apenas 50%. Freixo carrega, ainda, a menor taxa de rejeição entre todos os candidatos. Assim, há muito espaço para o socialista crescer. Para Paes, o campo de crescimento se concentra entre aqueles indecisos, ali é onde pode buscar os votos para aumentar sua (já larga e quase inalcançável) vantagem. Já para Freixo, ainda lhe resta, além dos indecisos, 50% do eleitorado, que não o conhece e pode se identificar com suas propostas. Há muito campo para crescer. Claro que seu único minuto de propaganda de televisão contra os dezesseis de Paes, sua previsão de gastos na campanha que representa apenas 10% dos gastos previstos pelo atual prefeito, seu único partido contra uma aliança de quase duas dezenas de siglas do outro lado, torna sua missão muito ingrata. Mas, ao contrário do que a maioria está analisando, ele começou bem o jogo - que, para não fugir do desafio Mãe Dinah que me propus, vai ser vencido pelo atual prefeito (torço que no segundo turno; mas, sinceramente, não me arrisco).

2. Em Volta Redonda, o cenário é um pouco mais triste. Há alguns meses, a disputa parecia que seria animada. Às vésperas do pleito, com todas as desistências e alianças feitas, formou-se o pior dos cenários: uma polarização entre um projeto ultrapassado e com sinais de esgotamento de um lado, e uma aparente falta de qualquer projeto de outro. É uma disputa entre dois rivais, dois inimigos políticos, não entre dois projetos políticos para a cidade. Respeito ambos, durante todo o tempo em que trabalhei como repórter de política na cidade sempre me trataram com muito respeito e devolvo este respeito aos dois. Não faço qualquer consideração pessoal. Apenas acredito que independente de quem vença, não é Volta Redonda que ganha. Acho que o atual prefeito se reelegerá, mas com segundo turno e numa disputa bastante apertada.

3. Barra Mansa acho que terá o pleito mais disputado da região. São três candidatos tecnicamente empatados nas pesquisas. Confesso que fiquei surpreso com o índice de rejeição do atual prefeito, que, de longe, sempre me pareceu um bom prefeito, interessado ao menos - de perto, a população parece ter outra impressão. Acho que Inês tem uma grande chance nas mãos de retornar à prefeitura e o PT mostra que está apostando alto nisso. Tem que vencer o índice de rejeição, que também é alto (o que considero uma pena, porque acho Inês uma das políticas mais sérias da nossa região, com perfil ideológico mais claro e compromisso contundente com as - boas e justas - causas que defende). Entre dois índices altos de rejeição, e um eleitorado "saturado" de velhas opções, Jonas Marins pode se sobressair como uma terceira via. Mas não aposto muito. Jogo aberto, enfim.

4. Em Resende dá Rechuan; Angra só verá a troca dos "Jordões", do Tuca para o Fernando. Esses dois, acho, são barbadas.

5. Por fim, um giro por algumas capitais que tenho acompanhado com algum interesse: São Paulo eu não tenho dúvida que será Haddad (anotem!). Em Porto Alegre, torço e acredito que dará Manuela (posso dizer sem medo a torcida aqui porque estou tão longe, né? rs). BH vai de Patrus. E Belém do Pará (sim, amigos!) deve dar o primeiro prefeito ao PSOL no país, com o Edmilson Rodrigues, para a alegria de meus bons amigos paraenses.

***

Pitaco 3: Olimpíadas



E para aliviar um pouco, vou dar meus pitacos sobre as Olimpíadas também, apesar dos Jogos já terem começado e eu ter alguma vantagem em fazer previsões já no meio da competição, rs. Acho que o Brasil conquistará seus melhores resultados na história dos Jogos, superando consideravelmente o que já foi conquistado até aqui em edições anteriores. Lá vai:

1. Cielo, Futebol, Vôlei de Praia, Vela e Judô (mais uma vez) nos darão ouro.

2. Vôlei masculino e feminino também nos trarão medalhas, talvez as douradas - e se antes dos Jogos começarem, apostava mais nas meninas, essas duas rodadas iniciais já demonstraram que o time de Bernardinho voltou com tudo.

3. Quem sabe também não pinta ouro para Thiago nos 200m medley e para a Maurren Maggi no atletismo?

4. Mais algumas medalhas de prata aqui, outras de bronze acolá, acho que serão ao menos 15 medalhas, com cinco de ouro, na visão mais pessimista.


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E tenho dito!

4 comentários:

Daniel Rangel disse...

Queria entender melhor as suas apostas otimistas sobre a prefeitura de São Paulo, com uma suposta vitória ao Haddad. Tenho visto o site Pense Novo e gostei do marketing. Porém, não acredito que os paulistanos darão com facilidade o governo da cidade novamente ao PT. Ainda mais se tratando de um político com uma popularidade neo-emergente. Ele terá de convencer muito o discipulado tucano de massa (e por "orgulhosa tradição"). Aguardo os seus argumentos... Rs... Daniel Rangel

Jader Moraes disse...

Daniel, em resumo é o seguinte:

1. acho muito difícil que a eleição não seja polarizada entre PT e PSDB em São Paulo, não creio que essa boa largada do Russomano se mantenha até o fim.

2. não acredito que Serra terá fôlego para vencer essa eleição, pois seu índice de rejeição é muitíssimo alto e já é um nome desgastado mesmo entre o eleitorado paulista. O PSDB errou em escolher um nome velho como o de Serra.

3. O PT cresceu muito na última eleição em SP. Tem a maior bancada da Assembleia Legislativa, tem dois dos três senadores do estado. O cenário é favorável - e Haddad, ainda pouco conhecido, tem muito espaço para crescer (mesmo com a lambança vexatória da foto com Maluf, que certamente manchou-lhe a imagem).

4. João Santana é craque, não entra para perder. A campanha na internet é uma prova disso (compara o jingle do haddad com o jingle do Serra, por exemplo. É de chorar!).

5. Lula é Lula até em São Paulo. Seu apoio é decisivo, assim como o da Dilma, bem avaliada em todo o país.

Juro que isso não é apenas uma torcida. É uma análise. Parcial, admito, rs. Mas é uma análise.

Daniel Rangel disse...

O jingle do Haddad eu já tinha visto no Pense Novo. Já o "Serra já" só vi agora... E é realmente ridículo, um disparate! Porém, nem só de bom marketing vive uma próspera campanha eleitoral. Os bastidores de rua fazem toda a diferença. Vide a inesperada circulação de cartas e notas oficiais, indo e vindo de todos os lugares, instituiçōes, facções, grupos anônimos e das redes sociais na corrida presidencial de 2010. Ocorre que desta vez, o PT deu munição de graça ao inimigo / aos adversários com a aliança travada com o "bezebul" Paulo Maluf. Isso é lamentável não somente pela prefeitura de SP, mas para a história e o futuro político do país. Se nenhum desses merdas tiver peito para tirar do papel a reforma política desse país, eu continuarei a disseminar e a defender o ceticismo para a nossa política. Até quando a vida política do Brasil vai ficar reduzida à busca pelo poder a qualquer custo, por qualquer preço? Aonde estão as ideologias, os projetos de bem, o caráter humano que deveria ser a premissa sustentadora da dignidade e (por sua vez) elegibilidade dos políticos? Não dá mais! Não temos ferramentas nem mais condições, tão menos entusiasmo e ânimo para executar o (cada vez mais) árduo e difícil ofício (cidadão) de separar o joio do trigo nesse país sem lei, sem escrúpulos. Me desculpe a expressão, mas já nem é mais putaria, isso aqui virou um desavergonhado bacanal dos mais descabidos e repugnantes. O comando de ordem vigente nesse Brasil de meu Deus é o famoso e tradicional "salve-se quem puder", para não dizer f...a-se todos e todas! Pois é exatamente essa a mensagem que veremos elíptica e sublinarmente em cada panfleto, santinho, programas de rádio e tv, nos debates, nas mais diversas frases de impacto e de poderio estratégico das inúmeras campanhas desse pleito municipal. Resignado e nada mais! :(

Anônimo disse...

Cielo, Futebol e Vela? É, quem sabe no Rio, daqui a quatro anos...