20/08/2009

Até a 'governabilidade' tem limite, né?!

Sarney é o 'dono' do PMDB. O PMDB é o principal partido da base do governo e possui a maior bancada do Congresso. Logo, Lula precisa do PMDB para governar e até mesmo para uma boa campanha eleitoral no próximo ano, uma vez que o partido também é o que possui o maior número de cidades em seu comando.
Ou seja, Lula torna-se refém de Sarney para conseguir governar.

Eis a governabilidade: alianças duvidosas e posicionamentos contraditórios para conseguir implementar os projetos de governo necessários para que o país avance.
Desse modo, é compreensível (ainda que terrível, do ponto de vista ético) a insistente defesa do governo federal ao senador José Sarney, e até mesmo Collor no mesmo palanque de Lula.
Eu sei, é terrível, uma vergonha, decepção. Mas é justificável sob o ponto de vista político - um jogo onde às vezes se abre mão de certas posições (ideais até!), para alcançar um resultado positivo lá na frente.
Por exemplo: o apoio à Sarney garante a aprovação de leis fundamentais para o país e para todo o povo. Caso contrário, o governo de 'esquerda' acaba sendo engolido por um parlamento de 'direita' e a 'mudança' não acontece.
Ok, tudo bem. Entendido. Explicado. Justificado. Os fins justificam os meios, resumindo.

Mas até a 'governabilidade' tem limite né?!

Ontem, sem dúvida, foi um dos momentos mais tristes que já vi o PT passar. A saída de Marina, pela manhã, somada ao episódio lacônico da absolvição a Sarney e Virgílio*, foram um duro golpe, difícil de ser engolido.
Sempre falei que o PT ia pagar muito caro por essa aliança com o PMDB. Está pagando!
Quantos mais vão sair do partido? Primeiro foram os 'aloprados' que fundaram o PSOL, depois Cristovam, agora Marina. Isso sem falar de tantos militantes anônimos que já se foram por uma infinidade de motivos...
Não quero chegar a nenhuma conclusão com este post, nem mesmo esse deve significar uma carta de desaprovação ao governo (continuo achando que o governo atual é ótimo, com avanços importantes em todas as áreas sociais, políticas e econômicas!)... quero apenas expressar o que penso dessa confusão toda que Brasília está envolta.

E lamentar, profundamente, a saída de Marina Silva do partido. Ouvi essa mulher numa palestra, em Belém, e acho que é um quadro muito importante e irrecuperável que se foi. Quantos anos o PT vai demorar para construir um quadro como Marina Silva? Seringueira, filha de retirantes nordestinos, amazônica, ambientalista, socialista, uma Silva...
É triste e acho perigoso que o PT continue nessa política suicida de apoios escusos, mesmo que seja em nome da governabilidade ou de uma possível sucessão.

Nunca antes na história deste país uma candidatura saiu tão cara...

* Engraçado como os meios de comunicação não deram destaque ao fato do tucano Arthur Virgílio também ter sido livrado das acusações que pesavam sobre ele. Alguns apenas citaram, timidamente, o fato.
Foi vergonhoso também. Um acordo ESCÂNDALOSO entre a base aliada e a oposição para livrar a cara dos dois. Triste. Realmente triste!