27/12/2012

Retrospecto - Se chorei ou se sorri...

Em meu último post, já havia feito uma despedida, acreditando, pelo meu próprio retrospecto, que não voltaria aqui antes do fim do ano. Mas voltei. Metamorfose ambulante, vocês sabem. Voltei porque assistindo alguns vídeos e lendo alguns textos, resolvi fazer uma pequena retrospectiva do meu ano. 

Dessa vez quero lembrar meu ano através de algumas coisas que me emocionaram.



Na música, no teatro, na vida. São alguns pequenos fatos e personagens que marcaram meu 2012 e partilho com vocês neste momento. Provavelmente, esqueci algo ou alguém. Se eu lembrar, mais tarde adiciono. Por enquanto, é esta minha lista. Espero que curtam!


Criolo Doido é o nome dele. Descobri apenas este ano, mas público e crítica já o reverenciam há algum tempo. Entendi o porquê quando ouvi pela primeira vez Não Existe Amor em SP. Que música linda! Depois, emendei com Ainda Há Tempo ("as pessoas não são más, mano; elas só estão perdidas"). Chorei. E selecionei aqui um belo momento inspirado do rapper paulista - sua versão atualizada para Cálice, do Chico Buarque, que em seguida retribui a versão com uma homenagem a Criolo em seu show. Criolo foi o artista que mais me emocionou este ano. De longe, o principal. Minha maior descoberta em 2012.



Ainda na seara musical, o ano também foi de Ellen Oléria. A brasiliense arrebatou o Brasil durante o programa The Voice Brasil, da Rede Globo. E me arrebatou já em seus primeiros acordes, de sua primeira apresentação, ao som de Zumbi, de Jorge Ben Jor (veja o vídeo original aqui). Negra, lésbica, feminista, foi perguntada pela repórter de um jornal carioca: "quantas bandeiras carrega?". Respondeu, rápida: TODAS. Salve! 



"Incorpora outra vez Kizomba / E segue na missão..." E no meu primeiro carnaval em terras cariocas, a Vila Isabel me presenteou com um samba belíssimo que inundou toda a 28 de setembro às quartas e domingos de janeiro e fevereiro. A consagração do samba vencedor (que aconteceu ainda no ano passado) e os ensaios de rua foram momentos mágicos, daqueles que você agradece a Deus por estar vivendo. A escola venceu, com méritos, todos os prêmios que disputou - e o do público, que é o principal. Só os jurados da Liesa que comeram poeira...




Não importa qual sua opinião política sobre o governo de Dilma Roussef. O livro do jornalista Ricardo Amaral, A vida quer é Coragem, é uma bela biografia da mulher guerrilheira que chegou à Presidência da República. O livro é muito bem escrito e existem passagens realmente tocantes, daquelas que enchem de lágrimas os olhos. Este ano, por conta do mestrado, me dediquei muito mais à leitura acadêmica, não me restou muito tempo para ler outra coisa que não o que era pedido em sala. Mas do pouco que li, esta obra certamente se destaca. Recomendo!






E vamos ao teatro? Neste quesito, não tenho o que reclamar em 2012. Fui em boas peças e visitei grandes salas. Teve muita coisa bacana, mas o destaque total e absoluto vai para Tim Maia, o Musical. Estrelado por Thiago Abravanel e com um grande e talentosíssimo elenco, o espetáculo se transformou em mais um daqueles momentos de nó na garganta e outra daquelas noites memoráveis, inesquecíveis. Que tiver oportunidade de ver (em cartaz no Theatro Net Rio/Tereza Rachel), não perca. Há alguma mística ali, algo que transcende o que acontece no palco. 



Ainda no campo das artes, este ano fui fisgado pela Poesia Viva de Elisa Lucinda. Um daqueles casos não tão incomuns na vida de um jornalista: visitei sua Casa Poema, em Botafogo, para escrever uma matéria que acabou não sendo publicada. Saí de lá apaixonado. E eu que nunca fui muito chegado a versos, rimas e etc, me converti. A matéria, que não foi publicada, você confere aqui: O Milagre da Poesia



Bem longe do frio pavilhão onde acontecia a conferência principal (Rio+20), acontecia a Cúpula dos Povos - evento paralelo, que reuniu movimentos sociais de todo o mundo. Em um passeio pelo evento, vi o som hare krishna embalar a marcha dos quilombolas; ouvi Marina Silva, Vandana Shiva e Maria do Rosário; e assisti à indignação dos índios ameaçados pelas obras de Belo Monte. Tá bom para um dia de visita?




E quem por mais vezes me emocionou este ano, e vocês estão cansados de saber disso, foi o Borel. Elegi um momento que sintetiza tudo o que vivi este ano - e que talvez tenha sido o mais emocionante - mas certamente poderia fazer um top 10 apenas com os momentos de emoção que vivi: Comunidade na Praça, Plano de Direitos Humanos, Seminário de Comunicação, Reuniões de Rede, Fórum Nacional, etc. Vou ficar com o Ocupa Borel (sugiro que leiam a reportagem Resistência e Alegria). Um comentário apenas: me impressiona como os versos "Mas eu só quero é ser feliz / Andar tranquilamente na favela onde eu nasci", vinte anos depois, ainda têm uma força catártica e grande atualidade. 



E foi um banho de alegria e emoção a sessão em que o Supremo Tribunal Federal aprovou a adoção do sistema de cotas raciais nas universidades brasileiras. A unanimidade dos ministros lavou a alma e dobrou até mesmo os editoriais de jornais, críticos ferozes e contumazes ao sistema. Um momento de festa para todos os que acreditam nas ações afirmativas como medidas reparatórias e, sobretudo, como um caminho para a construção de um país mais justo e igual. Axé!




Essa foi uma imagem que me emocionou em 2012. Enquanto seu seguidores se digladiavam no território livre da internet, o chefe da igreja católica e o líder comunista se confraternizaram. Na visita de Bento XVI a Cuba, Fidel Castro o recebeu e, segundo interlocutores, eles tiveram uma conversa bastante cordial e saíram, ambos, com boas impressões. São duas figuras diametralmente opostas, mas deram um exemplo de tolerância e humanidade.



O momento mais emocionante do ano nem precisa dizer, né? Como escrevemos à época, no tom meloso habitual, "o amor se converteu em sacramento, os pássaros já habitam o mesmo ninho, as duas metades agora formam a mesma laranja". 

4 comentários:

Ana S Cunha Vestergaard disse...

Texto muito legal, Jader! Assisti aos dois primeiros vídeos, vou assistir aos outros com calma, e já te agradeço muito por compartilhá-los.
Aproveito também para agradecer a vcs pela oportunidade de ter participado do momento mais especial de todos! Foi uma honra para nós!
Que Deus abençoe vc, a Bia e toda a família ricamente no ano que se aproxima!
Um abração

Unknown disse...

Faltou o cinema! Não teve nada memorável? o o tempo de ir foi o que faltou? hehehe. Entre os filmes brasileiros citaria "Gonzaga - De pai para filho" e entre os internacionais "O Deus da carnificina".

Jader Moraes disse...

Pois é, Gabriel, este ano estive em falta com o cinema. Não vi Gonzaga, por exemplo. Até tentei lembrar algum filme pra entrar aqui, mas rapidamente não lembrei. Poderia ser O Artista, que é magnífico. Ou mesmo À Beira do Caminho, do Breno Silveira, o mesmo diretor de Gonzaga. Mas não sei...
Vou pensar um pouco mais, rever minha lista e ver se adiciono algum, rs.

Giovana disse...

Felicidade sem tamanho por ter participado do momento mais emocionante do ano.
E quase chorei tudo de novo ao ver o vídeo.
Beijo, meu querido, e feliz 2013!