Depois, descobriu-se que a história era falsa.
Com todo o respeito ao melhor amigo do homem, o que está acontecendo na Região Serrana é lamentável: falta água potável para a população, sobra nos abrigos caninos. Tem algo errado, não?
Uma reportagem transmitida um telejornal noturno despertou minha atenção para isso. As cenas, no entanto, não representaram nenhuma novidade – apenas explicitam um comportamento que me choca faz tempo.
Sim, existe uma filosofia em curso que privilegia os cães sem dono em detrimento às crianças órfãs. A sensibilidade está muito mais apurada quando se trata dos filhotes que dos bebês. Se a comparação é com um jovem ou adulto então...
Presenciei isso há alguns anos. Tinha uma amiga na Escola Técnica de alma muito nobre e um coração enorme. Mas mendigos, moradores de rua e até mesmo crianças não lhe chamavam muita atenção. Já os cachorros...
E ela tinha a justificativa na ponta da língua: “Os bichinhos não pediram para nascer, não quiseram estar ali. Os homens estão ali porque querem, não trabalham, não correm atrás”. Era esse o raciocínio.
Talvez nem todas as visões sejam extremistas a este ponto. E não há mal algum em gostar (amar, cuidar) de animais – eu mesmo tenho um cachorro muito querido. Mas acho que tem limites!
Aos animais, o que lhes é de direito: carinho, atenção, cuidado. Qualquer coisa que ultrapasse isso, me parece exagero. Em situações extremas como a de Friburgo e adjacências, me cheira a falta de sensibilidade.
Cachorros podem beber água da chuva (ainda que não seja o desejável). Homens precisam de água potável. Centenas de litros d’água encaminhados aos cães, enquanto na esquina ao lado crianças choram por uma gota de qualquer líquido que seja, é uma inversão de prioridades que não consigo entender.
Todo carinho aos leais amigos, mas toda ajuda financeira a quem de fato precisa. A Região Serrana precisa neste momento de comida, água e roupas. Não de ração.
10 comentários:
Jader, permita-me discordar. Não creio, francamente, que existam crianças chorando por um copo d'água na região Serrana (não estive lá, não tenho como saber). E também não acredito que os animais estejam sendo mais 'favorecidos' que os seres humanos. Assim como nós, eles também são seres vivos e, portanto, merecem todo o nosso respeito e -- porque não? -- cuidado. Você não acha que seria crueldade demais deixar um bichinho morrer de fome em meio a toda aquela tragédia? Não acha que eles, assim como nós, têm o direito de beber água limpa -- e não água barrenta? Acha realmente justo que, feridos, não recebam nenhum tipo de assistência?
A maior parte das pessoas se sensibiliza, no dia a dia, com a situação de crianças abandonadas, mendigos e que tais, o que está corretíssimo. Mas são poucos, bem poucos, os que se atentam para a situação dos animais feridos, abandonados e maltratados. Não fossem essas poucas (mas boas) almas, é certo que os bichinhos não teriam nenhuma chance. É sua opinião, respeito, mas acho que você poderia analisar 'o outro lado' com um pouquinho mais de cuidado! Abraços!
Lívia,
existem mais crianças em orfanatos que cachorros em abrigos.
E não só por conta da burocracia estatal...
Concordo...
não que eles mereçam morrer, são vidas inocentes.
Mas existe algo chamado PRIORIDADE. E numa situação como esta, saber discernir prioridades é o mais importante.
É fato mais que notório a total inversão de valores pela qual nossa sociedade tem vivido. Prova disto é o valor exacerbado que muitos dão aos cães paralelo à total falta de sensibilidade que têm com seres humanos, e digo isto não pelo fato de não ser apaixonada por cães, mas por uma questão que segue muito além.
Acredito que todos exercemos influencia uns sobre os outros, nossas atitudes voluntárias ou involuntariamente, direta ou indiretamente podem e de fato interferem sim na vida de quem nos cercam, convivem, e até mesmo apenas nos observam. Desprezar isso é contribuir para que cada vez mais pessoas desacreditem de valores e se tornem cada vez mais incredulas e vazias.
Por estes dias presenciei um fato que me chocou. Estava no ponto de ônibus vindo trabalhar quando uma mulher no ponto falava com uma amiga sobre sua cachorrinha de estimação. Ela dizia que iria ao Rio deixar a cadela num Spa canino por que a mesma estava estressada. Falou inclusive de algumas "mordomias" do local, e contou que havia acabado de pagar 800 reais numa casinha nova pra ela. O mais chocante por trás disso foi ver uma criança vendendo balas e ela comentar: "Não dou 1 real pra essas crianças imundas, por mim podem morrer de fome! Pobres não deveriam ter filhos!"
Agora, a pergunta que não quer calar: Como alguem pode nutrir tamanho amor por animais e ser tão insensivel quando se trata de seres humanos?!
Vou ainda mais além, qual o valor e importância de uma vida 'animal' e de uma vida humana (se é que o valor desta pode mesmo ser medido)?
Gostei da polêmica!
Vou dar minha opnião de veterinária e atuante de pastorais socias rs.
Concordo com os dois lados, porém com resalvas em ambas opniões.
Realmente acho q existe muito exagero hj em dia. Uma coisa são as pessoas se preocuparem e lutarem pelo bem estar animal, pelas leis q os protegem dos maus tratos, abandonos e posse irresponsável. Eu me sacrifico qdo vejo um animal carente doente e se pudesse levava todos pra casa (no momento tenho 8 filhotes para doação rs). Mas, outra coisa, bem mais grave, é colocar esses direitos à frente do sofrimento humano, ainda mais em uma situação de catástrofe como essa.
Já em outro ponto Jader, existe um numero gigantesco de animais abandonados, perdidos ou que perderam suas casas e donos lá na Região Serrana. Isso tb é de responsabilidade da sociedade, seja por questão de saúde pública ou por amor aos animais, mas é.
Não sei do que se trata a questão da água nos abrigos, mas acho q tudo é uma questão de sentatez. Água potável nos abrigos de animais em detrimento das pessoas realmente é exagero e falta de sensibilidade.
Mas concordo que é necessário a existencia de pessoas q lutam incansavelmente pelos animais, pq realmente são poucos os q se dedicam a isso.
Porém acredito q seja um engano ou abuso de uma pessoa somente, pois circula aqui no Rio uma campanha para doação de água não potável em garrafas pet usadas para ser entregue nos abrigos. Bonita e sensível iniciativa!
Aqui na Caarj/OAB nós enviamos 15 toneladas de mantimento e junto foram vários sacos de ração.
Enfim, acredito que se soubermos a dose certa das coisas chegaremos lá rs
Obs: Jader se vc tentar uma adoção legal, verá q existem mais pais candidatos que crianças disponíveis. Falo por experiência própria... Muita burocracia e lentidão do Judiciário!
Uau! Que postagem excelente. E o debate está tão bom quanto.
Condordo com vc no que diz respeito ao exagero em detrimento das pessoas, porém não acho justo abandonar totalmente os animais que tinham uma casa e um guardião por ele.
A prioridade são as pessoas mas já que temos tantos animais (já são cerca de 160 na última vez que li algo sobre o assunto, inclusive muitos filhotes), não custa nada ajudar.
Em relação à água, acredito que se for mesmo verdade que os cães tem mais água que as pessoas, algo está errado! Mesmo porque, como vc mesmo disse, eles podem até beber água da chuva em momentos como esse.
O importante é ter senso crítico, respeitando tantos os seres humanos quanto os animais!
Jader, quando você fala que muitas pessoas se preocupam com cães enquanto deveriam se preocupar com gente, me lembra uma série de indivíduos que desconhecem as leis e que falam com desconhecimento total da vida em sociedade. Mas este, felizmente, não é o seu caso. É só uma distorção de valores, acredito. O fato é que não deveria haver essa proposição de uma coisa pela outra. Deveria haver preocupação igual em ambas as situações, porque minha preocupação com os animais não elimina a minha preocupação com pessoas. E na hora de priorizar, sei bem o que deve ser feito. Não incluo aqui as madames que gastam milhares com seus cães de estimação. Falo da defesa natural de seres vivos que merecem o mesmo respeito que nós, humanos, pois são seres vivos, sentem fome, frio, sede, medo, dor, como as crianças. Quanto à quantidade de animais abandonados nas ruas, não sei se na região, por exemplo, temos 10 mil crianças abandonadas, como já chegou pra nós a estimativa de cães nesta quantidade... Afinal, uma única cadela, em 10 anos, pode produzir 67 mil descendentes; para uma gata são 420 mil em sete anos. Imagine esse número crescente nas ruas. Sem sombra de dúvida teremos muito mais animais que crianças abandonadas. Porém, como disse acima, concordo com a priorização das necessidades. Não seria necessário, mesmo, desviar a água potável dos humanos para os animais. Basta a água da chuva, por enquanto, ou a iniciativa da ONG que pede água não potável em garrafas PET. Quanto à comida, se posso doar 5 quilos de arroz, porque não posso doar 1 quilo de ração?
Que crítica!! Parabéns tb amigo, seu blog é mt interessante! Obrigado pela visita e comentário!
Que legal essa discussão toda por aqui. Valeu, povo!
Acho que o assunto é polêmcio e colaborei com isso - confesso que tem alguns exageros e pieguices emotivas em meu texto, feito com raiva, como costumo dizer.
De qualquer forma, continua achando R$ 800 para aliviar o estresse do cão... um absurdo, para dizer o mínimo! Em um país como o nosso, as mordomias oferecidas pelas madames aos cachorros me parece um deboche. E é!
É bom discutir, trocar ideias,brigar, discordar. Flexibilizei minha opinião depois de tudo que li. Mas a essência continua a mesma (e a cabeça dura também): "A Região Serrana precisa neste momento de comida, água e roupas. Não de ração".
Uma unica cadela :
67 000 descendentes em 10 anos,
uma média de :
6 700 descendentes por ano
558 descendentes por mês
18.61 descendentes por dia
Gente que cadela é essa !?
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