Li duas entrevistas no início dessa semana que gostaria compartilhar. Uma lá da década de 70, com o grande Dom Helder Câmara, uma das vozes mais agudas em favor dos pobres e dos direitos humanos na história deste país; outra, mais recente, com a secretária de planejamento da prefeitura de São Paulo, Leda Paulani, em que ela dá uma grande esperança aos que acreditam em um Estado que (re) assuma seu papel de ordenador dos espaços públicos, para que sejam justos e igualitários. Ambas são longas e densas, e não têm necessariamente relação - ainda que dê pra fazer paralelos aqui e ali. Apenas li e fiquei com uma vontade imensa de indicar, compartilhar, discutir.
* o título do post, por falta de criatividade deste que vos escreve, é tirado da entrevista de Dom Helder.
"Meu socialismo é especial, é um socialismo que respeita a pessoa humana e remonta aos Evangelhos. Meu socialismo é a justiça"
Dom Helder fala à jornalista italiana Oriana Fallaci e quem recupera essa belíssima entrevista é a também jornalista Cynara Menezes, que traz em seu blog a íntegra do texto. Durante a conversa, o arcebispo, único brasileiro indicado quatro vezes ao Nobel da Paz, fala sobre igreja, política, juventude, ditadura, de sua (boa) relação com o papa Paulo VI e as constantes ameaças de morte que recebia. Veja aqui: Entrevistas históricas - Oriana Fallaci entrevista Dom Helder Câmara.
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"Está na hora de o poder municipal começar a exercer seu papel de ordenador, pautando o setor imobiliário, em vez de ser pautado por ele"

3 comentários:
jader, aqui é carla rocha do globo. gostaria de conversar com vc. o tel da redação do jornal é 25345341. abs.
Finalmente terminei de ler as entrevistas e achei legal compartilhar algumas impressões:
O Dom Helder trata questões importantes sobre como deveria ser a atuação de um servo ante as opressões vividas pelo povo. As opressões mudam com o passar do tempo, mas elas ainda estão aí, fazendo vítimas, oprimindo e calando, matando e violentando. Muita opressão física, como o caso da chacina do Borel, da qual você tratou no seu artigo mais recente aqui no blog, mas também muita opressão 'moral', velada em suposta liberdade de expressão. Enfim, Dom Helder deu voz aos oprimidos de sua época, um exemplo para os servos (todos e não apenas padres) que eu acredito que você e muita gente segue muito bem com suas atitudes e palavras...
A entrevista da Leda é ainda mais abrangente. Trata de mudanças estruturais que poderiam desarticular outras opressões de maneira mais ampliada e permanente, em forma de políticas públicas.
Nos dois casos, o embate com um sistema nem sempre é fácil e permite os resultados esperados. Mas parece ser uma luta necessária.
"Parece" não! "É" uma luta sempre necessária! hehe
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