A rainha das Rainhas no "comando" da sua Furiosa
O ano começou e, faltando só um mês para a festa do momo, eu não poderia fugir à tradição e trago nas próximas linhas minhas impressões e palpites para o carnaval carioca deste ano. Todos sabem do quanto amo a festa. Este ano vou estrear na avenida – e logo na escola de Noel. Noel, Martinho e, agora, Sabrina. Salve, Vila Isabel!
Este ano, os enredos são bem menos inspirados que em 2012. Como consequência, temos uma safra de sambas também inferior. Os dois destaques nesses quesitos são novamente a Vila e a Portela, ambas com sambaços. Mas infelizmente a Portela está fora da briga, por conta de uma péssima gestão de sua diretoria e também por conta de um carnaval que vai se tornando cada vez mais insustentável para quem não encontrar um pote de ouro em alguma esquina (só que isso é tema para outro texto, um dia talvez).
Meus palpites, arriscando de novo, são: Vila Isabel, Salgueiro e Unidos da Tijuca – as três escolas mais regulares dos últimos anos e que vêm novamente com força, embora o enredo da última seja meio duvidoso, mesmo para um Paulo Barros da vida. Não se pode desprezar também a força da Beija-Flor (que tem chão muito forte, mas um enredo horroroso) e mais uma vez faço aposta na minha Mocidade (não para o título, mas para voltar no sábado). São Clemente e Ilha também possuem bons enredos e têm feito bons desfiles nos últimos anos, com carnavalescos jovens e bastante inventivos.
Vou fazer algo diferente este ano e tentar, em duas ou três linhas, falar de cada escola. Vamos ver se dá liga. Se curtir, gostar, discordar, quiser comentar, fique a vontade. Como digo lá no cabeçalho, a casa é grande e é toda nossa...
Inocentes de Belfort Roxo – vai estrear no grupo Especial com um enredo muito, muito fraco, sobre a Coreia do Sul. Sei não...
Salgueiro – Renato Lage é sempre Renato Lage e este é um enredo que muita gente torceu o nariz, mas é a cara dele. Aposto em um grande desfile, até porque a comunidade salgueirense é forte e vibrante. O samba é apenas médio. Mas é uma das minhas favoritas.
Unidos da Tijuca – outro caso de enredo contestado, mas que pode dar caldo (ou samba) nas mãos de outro grande carnavalesco que é o Paulo Barros. O enfoque que ele vai dar à “Alemanha encantada” parece que vai casar com seu estilo. E o samba acho bem simpático.
União da Ilha – a Ilha tem me encantado nos últimos desfiles e acho seu enredo, sobre o Vinícius de Moraes, um dos melhores deste ano. O Alex de Souza sempre traz um conjunto, tanto alegórico quanto de fantasias, muito bonito e inventivo. Acho que vai ser bom.
Mocidade – ano passado, com pouco dinheiro, Alexandre Louzada fez o melhor desfile da escola desde a saída de Renato Lage (será que estou sendo injusto com 2003?). A expectativa é grande agora, ainda que o enredo (Ropck in Rio) seja super contestado e o samba abaixo da média. Mas por tudo o que tem se visto sobre a escola, como as fantasias divulgadas na internet e o bom ensaio técnico do último domingo, acho que vai dar samba e este ano, enfim, a Mocidade volta no sábado das campeãs. Axé!
Ala das baianas da Mocidade, em imagem divulgada pelo carnavalesco
Portela – Samba magnífico, enredo lindo, comunidade de Madureira nota mil. Mas os problemas de gestão novamente podem por tudo a perder – os atrasos na barracão são gritantes. Mas tenho certeza que, apesar de Nilo e Cia, será desfile de lavar a alma, com os portelenses vibrando com garra os noventa anos de sua escola e o bairro de seu coração.
São Clemente – o enredo sobre novelas é um barato, o samba é a cara da escola e a dupla Fábio Ricardo e Milton Cunha já mostrou a que veio. Tomara que mais uma vez arrebentem na avenida e desta vez que os jurados sejam mais justos com a escola.
Mangueira – uma incógnita. Politicamente, a escola está passando por um período muito conturbado. O enredo sobre Cuiabá me deixa com um pé atrás. O samba nem é ruim, mas abaixo da média dos últimos anos. Não faço ideia mesmo do que vai acontecer na avenida – de certo mesmo, só que quando o som anunciar “próxima escola a desfilar, Estação Primeira de Mangueira”, as arquibancadas virão abaixo. Lindo!
Beija-Flor – nunca se pode duvidar da garra, competência e correção técnica da escola. Já larga como uma favorita, qualquer que seja o ano. Mas que enredo sem vergonha esse! Cavalo mangalarga marchador. Espero que essa baixeza seja punida.
Grande Rio – e o mesmo digo da Grande Rio: que os jurados (e os deuses da apoteose) não perdoem a escola que vai trazer para a avenida um enredo chinfrim este ano, o petróleo. Pior, a luta do Rio pelo “ouro negro”. Um vexame, eu acho!
Imperatriz – tinha um samba belíssimo em mãos, que foi desperdiçado durante as eliminatórias. Acho que vai ser um desfile bonito, a chegada do Cahê Rodrigues pode ser boa pra escola e o Pará rende mil histórias fantásticas. Mas não sei se aspira algo mais.
Sambaço da Vila - ainda na versão "concorrente", não é a gravação oficial
Vila Isabel – é o típico caso em que a mão da carnavalesca faz toda a diferença. De um patrocínio agrícola, Rosa Magalhães construiu um inspirado enredo sobre o homem do campo, as festas do interior do Brasil, a cultura sertaneja. "Água no Feijão que chegou mais um!". E sua maestria foi coroada com o melhor samba de toda a safra, uma inspiradíssima canção de Arlindo Cruz, Martinho da Vila e André Diniz. Campeã moral de 2012, a Vila vem com tudo em 2013 também. Quem segura?
Acesso - o super grupo de acesso, que este ano terá nada menos que 19 escolas, enfim vai ter seus desfiles transmitidos pela Rede Globo. Acho que isso pode dar mais visibilidade e ser positivo para as agremiações, embora eu acredite que veremos uma gangorra: escolas como Viradouro e Império Serrano devem fazer um desfile de alto nível, enquanto outras, com orçamento limitadíssimo, podem penar um pouco para passar na avenida. Para pensar em um destaque, sugiro que ouçam o samba da Império da Tijuca. Sambaço, digno dos melhores sambas do Grupo Especial - é melhor do que a maioria do que está lá, aliás.
Enfim, são meus pitacos. Este ano acompanhei um pouco menos os bastidores que no ano passado, mas deu para palpitar, que é o que mais gosto. Feliz Carnaval para vocês!
5 comentários:
Eu aposto as minhas fichas tbm na Vila Isabel. Samba lindíssimo - interpretado pelo grandioso Wander Pires, um enredo fértil e genuinamente brasileiro que, nas mãos geniais de Rosa Magalhães, será um espetáculo na certa! É sem dúvida, o maior potencial de 2013. O Salgueiro tbm pode como sempre surpreender. A escola sempre faz um grande desfile e o tema Fama é a cara de Renato Lage. Pode portanto, resultar em campeonato. Já a nossa Mocidade... Tem a maior expectativa dos últimos anos, mas ao ver os protótipos das fantasias, fiquei receoso do Louzada não ser talentoso para desenvolver um enredo tão específico e de poucas ramificações, tornado-se repetitivo em sua narrativa na avenida. Vamos ver no que vai dar! Tomara que a Padre Miguel nos surpreenda ou que o Paulo Viana se ferre de novo! Rs...
Tenho ouvido os sambas, e apenas isso. Não me aventuro em opinar sobre o perfil dos carnavalescos e etc...
O samba da Portela está magnífico (é meu preferido) daqueles que dá pra cantar em qualquer roda de samba (costumo dizer que "parece um samba de verdade", ou seja, um samba que não aparenta ter sido composto pensando em todas as regras milimétricas que um samba enredo pede, apesar de estar dentro das tais regras). O samba da Vila Isabel é meu segundo favorito, dá pra "visualizar" a escola desfilando lindamente os costumes do interior, dá pra imaginar um dos desfiles mais bonitos, provavelmente. O samba da São Clemente é o irreverente da vez (como foi no ano passado), meu terceiro favorito, daquele jeito que a gente não vê muito mais, samba que fala de uma das maiores paixões nacionais e que poderia pegar não fosse a transmissão tendenciosa (tomara que eu esteja errado e que Ana Furtado tropece e quebre o pé, kkkkkk).
Discordo sobre o samba do Salgueiro, que pra mim tá na fila como o quarto "mais cantável". O Enredo da Ilha realmente é um dos mais promissores, deve dar prêmio.
No restante das opiniões assino embaixo. Achei uma viagem total o samba da Unidos da Tijuca, mas é aí que o Paulo Barros deve entrar viajando na maionese e fazendo bonito outra vez como ele gosta. E a nossa mocidade deve fazer um desfile bonito, agora com um mega patrocínio, e voltar no sábadão
Eu gostei do conjunto de fantasias, Daniel. Seguem todas um mesmo estilo, mas achei de um visual incrível e diferente do que vemos todo ano na Sapucaí. E acho que o Louzada dá conta do recado. Oremos!
E o que é mais importante que o samba, Gabriel? Concordo com você, o da Portela é o que mais parece "samba de verdade", é samba para boteco mesmo. O da Vila, meu preferido, é mais carnavalesco mesmo, funciona para a avenida - e é poesia pura! Vou ouvir mais vezes o do Salgueiro, se você está falando tenho que assinar embaixo, rs
Jader, adoro seus pitacos, embora não curta esta parte do Carnaval. Escola de samba foi uma curtição na minha adolescência, quando assistia a todos os desfiles e cantava todos os sambas.
Hoje, confesso, não vejo tanta graça. Ao meu ver ficou tudo muito repetitivo e sem graça.
Porém admiro de montão sua paixão e como faz a sua análise.
A propósito, fiquei sem saber qual é o enredo do Salgueiro. rsrs
Beijão e parabéns!
Acertei no meu palpite da Vila e no meu agouro ao Paulo Viana da Mocidade... Rs... Por pouco, a nossa Verde e branco não cai para a Série A. Ufa! Xô Paulo Viana e parabéns aos sambistas pé-quentes Jader e Bia! \o/
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