25/04/2011

Mulheres do Borel


Meu primeiro trabalho, de fato, no Complexo do Borel aparecia no horizonte como algo tedioso: inscrições para o programa Mulheres da Paz, do Ministério da Justiça. Mas pobre Jader, entende tão pouco da vida... como poderia ser chato ou tedioso o exercício de ouvir histórias das mulheres da comunidade durante todo o dia? Definitivamente, não entendo de nada.

Jovens, às vezes muito jovens, com preocupações de adultas: filhos, casa, trabalho. Idosas com o mesmo fio de esperança do futuro que as crianças. Vidas diversas, com histórias distintas, mas um ponto comum: o desejo de construir uma vida nova a partir da mudança de ares vivenciada nestes últimos tempos. Mas ainda com receio; ainda com medo; ainda com desconfiança de que a paz esteja apenas passando uma temporada por aquelas bandas.

Entre tantos rostos, tantas histórias, uma mulher em especial me chamou a atenção. Seu nome? Maria da Paz - tão clichê que não caberia sequer numa novela de Manoel Carlos. Maria é uma síntese de todas aquelas mulheres que passaram por ali naquela tarde: trabalhadora, mãe, moradora do morro e agarrada à única perspectiva qe lhe apareceu em muitos anos, um curso para terminar o ensino fundamental e, quem sabe, reescrever seu futuro.

Maria é uma mulher que merece viver e amar como outra qualquer do planeta.